...Diante de fotos do sofrimento dos outros, somos levados a nos perguntar sobre qual o grau de empatia que elas nos despertam. Num mundo inundando de informações, de vídeos e de imagens, será que paramos para ver o rosto do outro?
O sofrimento e a miséria humana foram cooptados pelo mercado. Vendemos programas televisivos que mostram as mazelas de uma sociedade doente, comercializamos imagens de guerras e de fome para admirarmos de nossos confortáveis lares, divulgamos vídeos de violência e aceitamos isso com uma naturalidade estarrecedora.
De tanto nos acostumarmos com imagens por todos os lados, com relatos de sofrimentos que vêm de além-mar acabamos nos tornando insensíveis, calejados. Acabamos vendo o mundo como um grande zoológico humano. Vemos as mazelas como por vidros duplos e blindados, que em nada tocam nossa realidade (mesmo que vivenciemos situações de miséria e de desamparo social)...
(de um artigo meu já publicado)