Felicidade é um troço complicado. Quando era jovem acreditava que ela existia de forma constante, as tristezas eram as exceções. Recordo a minha indignação imberbe diante de um amigo de minhas irmãs que dizia que a felicidade era passageira, ela era a exceção no cotidiano da vida. Hoje sou forçado a rezar a cantilena que apresenta o mundo como um "vale de lágrimas". Ora feliz, ora triste, ora apenas levando a vida: para cada dia suas preocupações. A vida cercada de alegrias, tristezas, vaidades e de des-necessidades.
Existe um ditado que adoro, a saber, "vê as pingas que tomo, mas não vê os tombos que levo." A sabedoria popular é certeira. As aparências de felicidade escondem, por vezes, sofrimentos dilacerantes. Conheço histórias de pessoas que festejam a vida num dia e se matam no outro. Conheço outras de pessoas que perdem o sentido da vida e o acham numa banal esquina. Vai entender? Riobaldo é preciso ao dizer que "viver é perigoso".
Este malfadado ano de 2011 se encerra (para muitos foi tempo de felicidade, para mim a prosa foi bem diferente): vai com Deus e as pulgas. Não espero nada para o ano vindouro, não faço promessas, não crio expectativas, não lanço olhares de esperança: apenas que deixar a vida me levar. Existem momentos em que a vida mostra toda sua fragilidade: pessoas amadas sofrem, seu corpo sofre, seus projetos se fazem água. Nesses momentos o desespero avizinha-se. Tenho algo a agradecer ao Eterno: a vontade de continuar.
PS. "Diadorim é minha neblina..."