22.12.11

devaneios tolos: o coração é itinerante...



Estava jantando com um casal de amigos que vão casar em janeiro próximo. De certa maneira, eu tive um papel crucial para eles estarem hoje juntos, tão cheios de sonhos, de manifestações de carinho. Conversávamos sobre vida, existência, tipos de cervejas, viagens. Lá pelas tantas, meu amigo lembrou uma frase que eu repetia em tempos passados: "O coração é itinerante!"

Sempre que vejo casamentos, profissões religiosas, ordenações sacerdotais reflito, provocado por Nietzsche: Como podemos prometer algo? Mudamos constantemente, o que amávamos passamos a desdenhar, o que tínhamos repulsa, agora compactuamos. Somos inconstantes, titubeantes. De certa forma, ao prometermos, desejamos "eternizar" o presente, manter intacto o momento em que se faz o pacto, ancorar um barco que almeja singrar os outros mares.

O coração é realmente itinerante, ou melhor, a vida é itinerante. No fundo, somos nômades nesta aventura de viver. Criamos acampamentos que parecem perenes, mas não o são. A única forma de promessa possível, creio eu, para duas pessoas é a de que ficaremos atentos a todas as pequenas mudanças, que tentaremos nos adaptar, nos moldar, por amor. Um amor cantado por Vinícius de Moraes, um amor que não é eterno, posto que é chama, um amor sempre atual: perchè la vita è adesso!