novas cidades invisíveis: tiberina

Esta é uma cidade que exala eternidade por todos os lados. Tiberina é uma cidade eterna, capital de um antigo império beligerante e de um atual império em ruínas. Entre suas colinas, seu rio, seus palácios e templos misturam-se épocas, arte e gente de todos os cantos. É uma cidade de forasteiros e sacerdotes. Torna-se uma raridade conseguir encontrar um habitante nativo.


Quando fui pela primeira vez a esta cidade tinha muita pressa, estava atarefado com o ofício de mercador e não percebi suas belezas. Com ganância, visitei apenas ruínas, templos e monumentos. Em minha segunda estada, tomado pela experiência das estradas, Tiberina se mostrou a mim como uma meretriz ávida. Conheci seus labirintos, seus habitantes e o modo peculiar deles falarem.


O viajante desejoso de paz deve se embrenhar pela óbvia Tiberina. Deve conhecer os pontos turísticos, comprar seus badulaques e retornar sorridente para sua casa. No entanto, o viajante ousado, lançado aos perigos, deve ir a outra margem do grande rio, deve se embrenhar nas tavernas, nos esconderijos e conhecer os ligeiros tiberinos, amantes da vida e da terra que os deuses lhes reservaram.

Tiberina é uma cidade de passagem, não ouse edificar aí sua morada. Lendas antigas advertem que os forasteiros que se apegam a esta cidade acabam tornando-se inertes estátuas de mármore.