A torcida do Juventus da Rua Javari sempre grita uma forte frase: "Ódio eterno ao futebol moderno". Para os ignorantes pode soar como uma frase de uma torcida de time pequeno e sem dinheiro que não pode contratar grandes jogadores como seus rivais da capital paulista. Ledo engano! Por trás dessa frase existe um sadio saudosismo por um futebol mágico, de amor ao manto, de suor pela vitória, de lágrimas pelas derrotas. Um futebol bem distante das maracutaias da CBF, da Fifa e da Nike. Um futebol moleque, precioso, orgulhoso (mesmo com camadas e camadas de marketing, vi o Barça fazer isso sobre o Santos na final do Mundial 2011).
Nessa semana, um dos últimos representantes do amor a camisa que veste pendurou suas chuteiras. A aposentadoria de Marcos, o santo do Palestra Italia, é mais que uma parada de um jogador de futebol. É o fim de uma geração de amantes do verdadeiro futebol. Marcos conheceu os céus e os infernos no Palmeiras. Mas, mesmo assim, permaneceu sempre palestrino. Conheceu a dor das contusões, as milagrosas defesas, os frangos homéricos, a consagração na Seleção, os tentadores convites para jogar no exterior.
Diferentemente do menino Neymar e outros, não aceitou jogar no Arsenal (logo após ser o goleiro campeão mundial de 2002) para ver seu passe valorizado no futuro, ele não aceitou a transferência para a Premier League por saber que o Palmeiras precisava dele na Segundona. Homem de palavra, de raça, sem travas na língua!
Eu que acompanhei sua carreira nas arquibancadas, posso orgulhar-me de tê-lo visto jogar no Jardim Suspenso. Ele será sempre o Marcos do Palmeiras, o Santo do Palestra, o melhor jogador que vi na minha vida.
Marcos: grazie per tutto e per sempre! Avante Palestra!